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sexta-feira, setembro 29, 2006

a pança de cerveja é brasileira e não desiste nunca

somos uma família em dieta. começou com papai e tanto minha mãe quanto eu resolvemos aderir. já tava na hora de, se não parar de ser, ao menos parar de comer como uma solteirona mal amada. afinal de contas, ficar imensa de gorda não ajuda em nada o fim da solteirice.

ainda mais que no último ano me tornei uma vítima de uma banha até então inexistente no meu corpo: a pança de cerveja. de toda a gordura, essa é a que mais me revolta. resisti durante tanto tempo - será que eu já tomei um caminhão de skol? - ao depósito dessa gordura incrivelmente persistente na minha região abdominal que o fenômeno da pança só pode ser atribuído mesmo à idade. com o traseio enorme eu já tinha me acostumado, agora a pança é de lascar...

lex, como vc, gosto de ficar mais velha. acho q estou ficando melhor - e pior tb, só que o melhor ainda supera isso. nunca mais quero ter 18 anos, a menos que seja numa próxima encarnação. só queria aquela barriga de volta (e hj é sexta-feira!).

Coisa de pobre

Descobri que sinto estimas diferentes por linhas de ônibus diferentes. Ainda não firmei meu amor pelos verde-prateados que começam com 2-- (211,212) que me levam da praia até a beira-mar. Acho que é porque eu tenho que andar até a praia, e depois da Previdência até a Gazeta, e às vezes está chovendo. Sabe? Não é uma linha que se importa muito com meu bem-estar. Ela apenas cumpre sua função.

Já o 214 não. Ah, esse é bacana! Ele é o único ônibus que passa em frente à rede, e tem uma personalidade fortíssima! Tanto que os vigias que ficam na guarita têm uma tabela com todos os horários que ele passa, e eu sempre pergunto: "Meu ônibus já passou?", como se fosse uma carona amiga. Acredito que seja um dos pouquissímos ônibus que têm um ponto exclusivo. Além disso, se pego o das 17h20, ele passa por TODOS os engarrafamentos de Vitória. Praia do Canto, Reta da Penha, Shopping Vitória, voltando pela Praia do Canto, na Ayrton Senna, o que me faz sentir que estou fazendo um tour. Leva uma hora para eu chegar em casa, é uma viagem, posso saborear o 214. Foi nele que ouvi uma dupla de turistas dizendo que só no 214 você vê gente bonita! E, apesar de eu andar mais ou menos a mesma distância de quando salto na praia ou na pracinha do Flash Vídeo, ainda assim já estou em Jardim da Penha, e não em Camburi. Fora que ele pode me deixar na Ufes, na frente da passarela - e agora eu uso a passarela!

O 241 é fabuloso, mas tenho muita raiva dele. Tenho que admitir: ele é ágil e prático. Sai da beira-mar às 17h20 também, e pega a Leitão da Silva direto para a Ufes. Também passa pela passarela. Mas eu não sei direito seus horários, ele é fugaz, seus horários escorrem pelas minhas mãos, e é raríssimo! E, o pior de tudo: teve uma vez que eu esperava ansiosamente por esse grande esverdeado vir me pegar, quando um amontoado de outros ônibus chinfrins parou no ponto, e ele passou direto, por trás, ignorando-me categoricamente. Nunca mais falei bem do 241.

Quando preciso ir para a Ufes, ando até a Avenida Vitória. Vários passam por lá, é mais fácil e não tenho que depender do maldito 241 e nem do fofo 214, que demora demais para quem só quer se deslocar. Então eu paro num ponto e fico esperando os ônibus que me acompanham desde a adolescência. Infelizmente, o 184 não passa por ali. Mas ele merece um parágrafo.

Nossa história começa na primeira semana de Escola Técnica. Lá estava eu, com meu uniforme de gola azul, esperando pelo 124. Para mim, só existia o 124. Veio o 184 e eu nem dei bola, mas ele parou na minha frente e, mesmo eu estando fora do ponto, a marionete que o "dirige" disse:
-Entra.
Ainda desconfiada, perguntei em alto e bom som:
-PASSA NA ESCOLA TÉCNICA?
-Sim.
Entrei. Uma multidão de golas azuis olhou para mim sabendo do meu mais íntimo segredo, na época: eu era caloura. Fiquei com raiva do 184 por me expor daquela forma, mas hoje, com maior maturidade, percebo que a culpa foi toda minha. Descobri, através dessa viagem, que poderia chegar na Escola em menos de meia hora!

Voltando à avenida Vitória, Gazeta-Ufes. Nada me dá mais alegria do que ver o bem e velho 124 chegando, sorrindo para mim. Ele não me deixa na passarela, mas era o cara que me pegava na frente de casa e me deixava na frente da Escola Técnica. Sabe? Ele se importava comigo. Não deixava eu pegar muita chuva, não me fazia correr perigo. Que as outras linhas não se sintam menosprezadas, cada uma tem sua função, mas é no 124 que me sinto em casa!

sexta-feira, setembro 22, 2006

Pérolas IV

Cheguei a conclusão que calouros de Letras são emos. Eles gostam de discutir a relação (principalmente se essa for morfossintática), ouvem Toquinho, Vinícius e Elis Regina nas festinhas da turma e adoooooram sofrer. Entrei um pouco mais nesse mundo - com todo o controle de uma observadora de fora - dia desses.

Estava eu tentando não dormir nalguma aula, quando olhei para o lado e vi que meu coleguinha lia um livro. Já estiquei o olhar de menesgueio para ver o autor. Era outro coleguinha da turma. Pedi a ele para ler o livro. Era de poemas. Os poemas falavam de lágrimas, sofrimento, e da musa (???). Nesse meu novo momento de alegria e estupefação com a vida, já digo que foi um exercício sinistro não rir na cara do sujeito. Em uma das poesias, o cara rimava "lírica" com "Itaparica"!!!

Atrás, na contra-capa, ele fazia um joguete de palavras que incluía os nomes de todos os poemas do livro. Felomenal!

Infelizmente, não tenho a cópia do livro, mas copiei um pedacinho para deliciar-vos nesse boteco:

"Mesmo que pareça tosco
Quero esquichar em seu rosto
O produto do nosso amor."

Meu deus, meu deus! Que horrooooooorrrrrr!!!!

Da próxima vez que tiver a oportunidade, lerei Cabo Elson com mais atenção.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Melancolia pós-cópula

Cerveja na mão, controle remoto em troca frenética de canais. Pés sobre a mesa, pernas para o alto, gole gelado descendo pela garganta, sessenta e cinco, sessenta e quatro, nada interessante na tela.

- Sessenta e nove? Ah, hoje não tô a fim. Não, não, pra essas coisas a gente têm que estar mais motivado, preparado mesmo. Meu bem, me escuta, vai que no calor do ato eu perco o fôlego, fico sem ar e te dou uma dentada? Pensastes nisso? Vai que eu gemo e, sem querer, acabo te mordendo? Ruim, né? Isso, vamos deixar pra outro dia...

O que acontecerá quando o homem sensual encontrar a mulher sensual?

Auto-sugestão vinda do tarô - ou não, fato é que Vladimir, com toda essa influência astrológica, andou mesmo emanando um irradiante magnetismo sexual de aura vibrante... Era ele o próprio homem sensual, virado para a satisfação do seu desejo de bem estar imediato e de divertimento. Escravo de suas paixões, Vladimir degrada-se vilmente ao buscar do prazer.

E como acontece com muitos homens sensuais, Vladmir é amado por suas amantes em busca da plenitude. Mas Vladimir é um bom homem e muito sentimental. Seu grande coração apaixona-se por todas as suas amantes, e, por isso, ele chora muito quando se despede de cada uma delas.

terça-feira, setembro 19, 2006

Pérolas III


E o silêncio se fez, o que houve com vocês?
(Isso é poesia? Anh? Anh?)
Para os que pedem, as pérolas seguem.

Perde quem nunca fez aula de latim nessa vida. E quem nunca teve um professor como Mário Bonella. E, definitivamente, mais ainda quem não conhece o "Mário das Letras"!!!
Enfim, Latim. O cara entrou na sala dizendo que ia passar uma lição para o resto de nossas vidas:
"Puellam amat nauta.
Nauta amat puellam.
Puella amat nautam.
Nautam amat puellam.
'Tendeu? 'Tendeu?
...
Em latim são as declinações que falam que cara é o sujeito e que cara é o objeto direto. Nominativo e acusativo.
'Tendeu? 'Tendeu?
...
Essa é outra lição que vocês vão levar para o resto da vida de vocês.
...
PARA O RESTO DA VIDA.
..."

E foi a Roberta que, rindo às gargalhadas no fundo da sala, chegou à conclusão de que Mário havia reencarnado ainda estando vivo.

***

A fessôra "Seres Fantásticos" acaba de dizer que a gente vai ter que fazer uma prova sobre um livro. Ela está na dúvida se vai mandar a gente fazer um resumo ou uma crítica. Digo a vocês: eu sei fazer resumos! Ela dedicou umas quinze aulas para explicar. Principalmente os "verbos que atribuem ações ao autor". Então, é só pegar frases de efeito e colocar um "inicia, aponta, incita, conclui, grunge, ratifica, postula, refuta, resfolega o fulano" para você ter um resumo de prima. Quer dizer, ratifica e refuta ela não deu. Porque ela confunde ratifica com retifica. E não sabe o que quer dizer refuta.

Aí eu perguntei se a gente ia aprender a fazer resenha - olha que legal! - e ela disse que tem vinte e dois textos na xerox explicando. Mas me adiantou que a resenha deve ter, no mínimo, cinqüenta linhas, e que é um "resumo com alguma crítica dentro." Bacaaaaana...

***

Mas não vamos deixar os calouros de lado. Tem um cara que vai de camisa vermelha que me dá medo. Ele veio me perguntar, com uma voz fininha, meio babando:
-Vocêee a-apresentou o último pro-o-grama?
-... Ééééé.... sim... é o meu trabalho...
(Eu que não ia explicar a diferença entre apresentação e reportagem).
Ele ficou em silêncio, olhando para o vazio. Depois disse:
-Eu não vi.

***

Ele vai lançar um livro. Anh? Anh? Pensou que ele é incapaz? Os gênios se escondem atrás de máscaras de ingenuidade, anh?
Daí ele veio me pedir divulgação. Pediu meu e-mail, eu passei, e a partir de então, em toda aula, ele vinha me dizer quando ia passar o e-mail. Acho que a coisa acumulou. Ontem, quando abri minha caixa, vi seis e-mail's dele. SEIS.
Pscicopata.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Testando Limites e Possibilidades

Pensava em declarar no dia da formatura: "agradeço a essa Universidade por ter me fornecido alguns dos meus melhores amigos e parte dos meus piores porres". Com certeza seria uma frase bastante Conclusiva. Incrivelmente adequada para aquele momento. A inspiração veio quando sentiu algo que não soube definir e que o fez vomitar, sem conseguir parar, durante horas. Um retrato muito mais realista daquilo que se passou, desde Auschwitz,... as torturas, o cheiro de merda, o vomito, o cheiro da morte... enfim, aflitivo, angustiante e nojento! E ele garante que só fumou um baseado e que passou mal. Um baseado e quatro jarras de vinho. E fica culpando o baseado.

quinta-feira, setembro 07, 2006

fui eu

quer dizer, não sei se posso tomar o crédito de ter iniciado essa onda estranha toda sozinha, mas tenho uma forte impressão de que fui eu.... então, confesso:

em dezembro, comprei alguns presentes de natal (eu ainda tinha aquele magnífico salário da rádia). todas coisas bobas e inofensivas, exceto uma: a camisa de shiva. quando eu vi aquele shiva, sabia o que estava fazendo, só não sabia que ia ser tanto. o pior é isso. ainda acho que era necessário.

saibam que não sinto muito. não estou arrependida, embora esteja sofrendo tanto quanto vocês por causa disso. sou a idiota mal amada que faz croché enquanto espera o mundo dar voltas suficientes, afinal de contas.

e é isso.

terça-feira, setembro 05, 2006

Por que não?


Dias de Karma intenso. Ontem, ao terminar uma matéria sem fim, o primeiro dos Examores convida para uma cerveja. Aceito, afinal de contas, ele namora. Não é só mais sexo. Espero pacientemente com meu criptograma amigo. Um carro da TV nos deixa no "Só na Brasa". Papo vai, papo vem. Outros chegam, entre eles um menino Pirata paulista que tenta, com truquezinhos baratos, provar que é sensual. E consegue! Olha-me no fundo dos olhos cruzando um X na mesa tão denso que dá para cortar com faca de manteiga. Que vontade! Dá-me um papel com os escritos "P/ H. que tem olhos..." que não quer dizer porra nenhuma, mas me dá vontade de arrancar a roupa. Por que não? Porque não. Não mais paulistas, eu prometi.

Uma revelação momentânea: o Primeiro Examor não mais namora. Sono na pessoa que sobra. Vão embora. Sobram eu e o Primeiro Examor no último posto aberto. Ele tenta, com truquezinhos baratos, me seduzir. E consegue! Por que não? Porque não mais caio nessa balela de tantos anos. A voz de F. me vem à mente: "Resolva essa história!"

Pergunto a ele se ele quer namorar comigo. De verdade. Conto quase que um pouco de tudo o que de fato importa. Ele diz que eu fui uma "queda brusca". Não creio que acredito. Namorar... ligar para a pessoa depois de trepar.
-Você quer?
-Sim.
-Tem certeza?
-...

Coloco-o contra a parede para que, uma vez na vida, ele diga a verdade. Ele diz:
-Pelo passado, sim.
-Olha, Examor, somos feitos do passado. Mas o que seremos no futuro temos que decidir agora, não apenas repetir o que já fomos. Qual é a sua resposta?
-Pelo presente, acho... que não daria certo.

Abraço forte. "Obrigada". E depois que os setenta e oito corvos levantaram vôo das minhas costas, levantei-me a saí.
-Deixa eu te levar para casa?
-Não.
-Lembro-me da vez que foi me encontrar caminhando. Levou uma eternidade.

E saí, mãos no bolso e cabelos ao vento, num sol de quase setembro. Por que não?

segunda-feira, setembro 04, 2006

Borboletas no Estômago

Segunda
(9:00 AM)
Permaneço bêbado! Depois de um final de semana desprovido de responsabilidade e moral.

(11:45 AM)
Agofra, com os refglexos recutpekrados, connsigo me recorddar de algunds fatos...

Sexta. F. descobre que desperta a atenção e provoca sensações (embora passageiras) em velhos tarados.

Sábado de línguas azuis e garrafões de vinho virados para baixo. Música sertaneja de raiz para H. se deliciar(!?!). Mais vinho. Queijo e sementes de abóbora sendo arremessados na calçada. Sal e água.

Domingo de infinitas cervejas esbranquiçadas. Churrasco. Música psy-surf-mambo-caribenha. Dancinhas. Tchá-Tchá-Tchá. Fly by car. fumaça. Voltas e mais voltas. Muita fumaça. Viatura da PM. pracinha. Delegacia fechada. Mais tarde, porão-que-mais-parece-um-terraço - ou o contrário. H. voando com a leveza das borboletas amarelas. Sinuca. Mais dancinhas e mulheres que jorram cerveja pelo bico dos seios... Um ser pós-moderno realmente fantástico.