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quinta-feira, março 08, 2007

Porque um dia a gente cresce

Um dia a gente cresce e descobre que ter um futuro certo é luxo. Descobre também que o mundo é muito maior do que a ilha. Muito maior que o pedágio também é o preço que pagamos por sair da ilha. Um dia a gente cresce e começa a sentir uma espécie de lembrança nostálgica. Lembrança carinhosa de um bem especial que está ausente acompanhado de um desejo de revê-lo ou possui-lo. Acho que o nome disso é saudade.

Um dia a gente cresce e começa a ter medo de usar meias brancas. Também começamos a sentir medo da distância. Medo de ser esquecido, de ter esquecido do que era, e sobretudo de como era. A verdade é que ficamos muito mais medrosos a medida que crescemos. Acho que o nome disso é instinto de conservação.

Um dia a gente cresce e descobre que os amigos são os membros da família escolhidos a dedo. Descobre também que eles sempre estarão por perto. Mesmo que, por alguma perturbação na percepção, percamos a distinção entre perto e longe, entre vizinho e estranho, entre imagem e coisa, entre signo, significado e significante.

Um dia a gente cresce e passa a contemplar pequenos momentos de felicidade. Alguns momentos de surpresa e alguns misterios. Momentos engraçados e até mesmo momentos de distração ligeiramente higiênicos. É quando então, meu caro, que a mais famosa das esculturas de bronze de Auguste Rodin começa a parecer óbvia.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

full circle

sim, isso vai ser nostálgico e eu já sinto os olhos úmidos só de colocar o título.

se não parece justo ao menos parece coerente o desfecho do ano da camisa de shiva. é coerente que tenhamos a mesma data de partida depois de um ano em que você "empurrou com a barriga" a decisão de partir e no qual eu mesma nunca suspeitei que fosse me mover de onde estou sentada agora.

num ano em que eu questionei tudo - até mesmo a amizade dos que se sentam ao redor dessa mesa - e quase me pus louca, a sua companhia e seus insights regados a muita cafeína me confortaram e evitaram que eu realmente chutasse o balde. e eu nem sei se você sabe disso.

é coerente que seja esse o momento de partir: é o momento em que a vida ao nosso redor finalmente parece se acalmar. pensa bem em tudo que nos aconteceu no último ano... é mesmo agora que dá pra respirar fundo e, no seu caso, voltar ao plano original. no meu, fazer um plano diferente. e eu lhe agradeço por cada minuto do desvio e pela sua disposição sem fim.

você vai sempre ter um lugar privilegiado no meu coraçãozinho. seu filme tá feito comigo, cara. e apesar de isso significar que eu vou sentir saudade de você pra caralho, eu quero mesmo é dizer que vai ficar tudo bem. pelo menos por hora, a sua missão está cumprida aqui e você sabe disso.

então respira fundo e não se angustia. (essa agora vai ser pura filosofia de boteco:) por mais que a gente vá, a gente tá sempre aqui. e depois do ano do caos essa é uma certeza que eu só consigo achar linda. muito mais que reconfortante, é linda.

sábado, fevereiro 10, 2007

Evolução


Abro os serviços desse boteco em 2007 para expor-lhes uma teoria científica. Esta foi pensada em uma mesa de bar então, nenhum lugar melhor para que o mundo saiba da Verdade.

Todos sabemos que passamos por uma evolução. Dos macacos, para homo erectus, homo sapiens, homo sapiens sapiens... O termo sapiens é erroneamente traduzido do latim como “que sabe”, sendo assim, o homo sapiens sabia alguma coisa, e o homo sapiens sapiens sabia desse fato. Mas, na verdade, o termo latino deu origem à palavra portuguesa “sapiência”, de “ser pensante”, “que pensa”. Dessa forma, o homo sapiens sapiens seria “o homem que pensa que pensa”. Colocando a tradução no contexto atual, isso derivaria para “o homem que pensa que sabe”, ou, melhor dizendo, “o homem que acha que sabe alguma coisa, ah! pois sim”.

É um fato que “o homem que acha que sabe alguma coisa, ah! pois sim” está obsoleto. Até as mulheres que acham que sabem alguma coisa já têm três cloacas no corpo, enquanto os homens só têm duas, e o número de cloacas é o primeiro vestígio da evolução das espécies. Pois bem, aqui começam os fatos de como se dará a evolução desse ser.

O “o homem que acha que sabe...” ficará um dia, sentado, pensando que sabe como foi que a bezerra morreu, quando, em mais ou menos alguns milhões de anos, divisões celulósicas contínuas separarão uma parte do “homem que acha...” do corpo de origem. Essa parte, já dizem alguns estudiosos, é a parte que já pensa mais que o próprio homem, atualmente. Ela conta com uma cabeça e exerce influência mais forte que todos os outros órgãos do indivíduo sobre seus fatos (incluindo o cérebro). Dessa divisão celulósica se originará um corpo, que tomará aspecto rijo e terá vida própria. Senhoras e senhores, apresento-lhes o Penis Erectus.

A princípio, ninguém conseguirá distinguir as duas espécies. Inclusive, no período de adaptação, alguns penis erectus vão querer voltar para seu organismo original, dando início à uma sub raça denominada penis homo erectus. Os saudáveis procurarão os seres mais evoluídos e se chamarão penis hetero erectus.

Os penis erectus se incluirão na nossa sociedade normalmente. Alguns se dedicarão à carreira religiosa (penis religio erectus), outros, para a militar (penis martis erectus), e outros virarão até terroristas, dividindo-se entre os membros do Hamas (penis erectus bomba) e os mais fracos se juntarão à facção Fatah (penis erectus meia-bomba).

Nada mudará na comunidade global, a não ser o formato de ternos, gravatas e paletós. Os homo sapiens sapiens, com o passar de mais alguns milhões de anos, deixarão de existir por sua inutilidade no ecossistema. É assim no darwinismo, não sou eu que estou falando.

*P.S.:Toda teoria tem uma divergência. Exponho aqui um diálogo que tive com um cientista da raça homo sapiens sapiens a fim de que cada um tire suas conclusões e a classe científica ganhe com outras opiniões. Segue, para consulta:

Homo macho: Essa teoria é furada. As mulheres sentirão falta de deitar as cabeças nos ombros dos homo sapiens sapiens após terem relações com os penis erectus.

Homo fêmea: É mesmo. Sentiremos saudades.


***

quarta-feira, outubro 25, 2006

7 compassos e meio de pausa

discutíamos, como vem se tornando costumeiro, a respeito da chegada de uma certa maturidade; concluindo que a maturidade vem se manifestando, mesmo que à contragosto, na chamada "dose perfeita", ou numa espécie de equilíbrio: um nível de doideira, combinado com a manutenção de um nível de bom senso, que culmina na ausência de micos memoráveis e de ressacas homéricas. quer dizer, lógico que ainda passamos da conta! mas isso vem se tornando cada vez menos frequente.

ultimamente, a "dose perfeita" de silêncio tem parecido - ao menos para a minha tagarelice habitual - uma dose bem grande e generosa.

no melhor espírito "pra não voltar lesma na próxima encarnação": ficar calada é a maior gentileza que posso fazer por algumas pessoas nesse momento.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Entre teses e tesões!

Nunca me esqueci das sobrancelhas peludas do padre para quem me confessei antes da primeira comunhão. Eu, com medo, me esforçando para lembrar de algum pecado e ele, com pensando só na festa que haveria depois, me liberou sem que eu dissesse nada. Foi aí que eu deixei de acreditar...

E com o tempo, fui deixando de acreditar em outras pessoas. Deste inferno de profissionais especializados, que gerou seres com teses sobre os diferentes tamanhos dos buracos das agulhas, tendo seus estudos pagos durante anos por governos incompetentes - dessa forma papéis inúteis e sem valor passam a receber algum respaldo.

E eu, orgulhoso de fazer parte de tudo isso, defenderei minha tese de mestrado como um ator bem comportado durante toda a encenação, sempre com a perfeita consciência de que tudo não passa de uma farsa. E que se foda o orgulho enorme de fazer parte de tudo disso! E que tudo vá às favas!


Data da encenação: 25 de outubro de 2006.
Horário: 10 horas.
Local: no Auditório do NEXEM - CT/UFES.

sexta-feira, outubro 13, 2006

abala!

conselho de amigo, esse: "abala!"

parece que as tentativas de manter-se blasé começaram a falhar pros coleguinhas de lama tb, né? pois é, na disputa pelo "troféu piranha do banheiro 2006" tudo pode acontecer, até o inesperado fato de alguém abalar o seu mundinho egoísta, devasso e deliciosamente divertido e descomplicado - no meu caso, nem tão descomplicado assim, senão eu deixaria de ser eu.

da cadeira confortável de diretor, "calling the shots", vc flagra aquele sorrisinho besta nos lábios e se dá conta, com muito assombro, de que está sendo dirigido. a boa notícia: a essa altura do campeonato (e da disputa pelo troféu), alguém ainda te arranca suspiros e sorrisos involuntários. a notícia péssima: a essa altura, isso parece extremamente perigoso e ameaçador.

aí vem alex e grita: "abala!" e eu me pego considerando a possibilidade. o que aconteceria se... ? como eu me sentiria a respeito de... ? o que vai acontecer comigo depois que... ? perguntas que já são, sozinhas, um tremor de alguns pontos na escala richter do mundinho fechadinho em si.

por dois dias, alex, pensei nesse "abala!" e pendi pro lado. foi o suficiente pra descobrir que do lado havia alguém mais apavorado que eu.

refaz o muro que a fila anda! e hoje é sexta-feira! e a busca pelo troféu continua! aperta o botão vermelho h.!!!!!!

quarta-feira, outubro 11, 2006

Toma!

Aos marinheiros de primeira viagem, tenho que dar um conselho: em casinhos amororsos, nem sempre ser blasé dá certo.

Estava eu com um peguete - nomes, nesse boteco, são dispensáveis - dando uma de difícil, dizendo, mais uma vez, que aquilo tudo era um grande passatempo, quando ele retrucou, com um singelo elogio:

(peguete): Acho que você gostou da última vez que saiu comigo.Você estava com uma carinha linda. Um sorriso de orelha a orelha e os olhos apertados.
(eu): Eu sou uma atriz, meu bem.
(peguete): É, mas eu sou o diretor.

***

sexta-feira, setembro 29, 2006

a pança de cerveja é brasileira e não desiste nunca

somos uma família em dieta. começou com papai e tanto minha mãe quanto eu resolvemos aderir. já tava na hora de, se não parar de ser, ao menos parar de comer como uma solteirona mal amada. afinal de contas, ficar imensa de gorda não ajuda em nada o fim da solteirice.

ainda mais que no último ano me tornei uma vítima de uma banha até então inexistente no meu corpo: a pança de cerveja. de toda a gordura, essa é a que mais me revolta. resisti durante tanto tempo - será que eu já tomei um caminhão de skol? - ao depósito dessa gordura incrivelmente persistente na minha região abdominal que o fenômeno da pança só pode ser atribuído mesmo à idade. com o traseio enorme eu já tinha me acostumado, agora a pança é de lascar...

lex, como vc, gosto de ficar mais velha. acho q estou ficando melhor - e pior tb, só que o melhor ainda supera isso. nunca mais quero ter 18 anos, a menos que seja numa próxima encarnação. só queria aquela barriga de volta (e hj é sexta-feira!).

Coisa de pobre

Descobri que sinto estimas diferentes por linhas de ônibus diferentes. Ainda não firmei meu amor pelos verde-prateados que começam com 2-- (211,212) que me levam da praia até a beira-mar. Acho que é porque eu tenho que andar até a praia, e depois da Previdência até a Gazeta, e às vezes está chovendo. Sabe? Não é uma linha que se importa muito com meu bem-estar. Ela apenas cumpre sua função.

Já o 214 não. Ah, esse é bacana! Ele é o único ônibus que passa em frente à rede, e tem uma personalidade fortíssima! Tanto que os vigias que ficam na guarita têm uma tabela com todos os horários que ele passa, e eu sempre pergunto: "Meu ônibus já passou?", como se fosse uma carona amiga. Acredito que seja um dos pouquissímos ônibus que têm um ponto exclusivo. Além disso, se pego o das 17h20, ele passa por TODOS os engarrafamentos de Vitória. Praia do Canto, Reta da Penha, Shopping Vitória, voltando pela Praia do Canto, na Ayrton Senna, o que me faz sentir que estou fazendo um tour. Leva uma hora para eu chegar em casa, é uma viagem, posso saborear o 214. Foi nele que ouvi uma dupla de turistas dizendo que só no 214 você vê gente bonita! E, apesar de eu andar mais ou menos a mesma distância de quando salto na praia ou na pracinha do Flash Vídeo, ainda assim já estou em Jardim da Penha, e não em Camburi. Fora que ele pode me deixar na Ufes, na frente da passarela - e agora eu uso a passarela!

O 241 é fabuloso, mas tenho muita raiva dele. Tenho que admitir: ele é ágil e prático. Sai da beira-mar às 17h20 também, e pega a Leitão da Silva direto para a Ufes. Também passa pela passarela. Mas eu não sei direito seus horários, ele é fugaz, seus horários escorrem pelas minhas mãos, e é raríssimo! E, o pior de tudo: teve uma vez que eu esperava ansiosamente por esse grande esverdeado vir me pegar, quando um amontoado de outros ônibus chinfrins parou no ponto, e ele passou direto, por trás, ignorando-me categoricamente. Nunca mais falei bem do 241.

Quando preciso ir para a Ufes, ando até a Avenida Vitória. Vários passam por lá, é mais fácil e não tenho que depender do maldito 241 e nem do fofo 214, que demora demais para quem só quer se deslocar. Então eu paro num ponto e fico esperando os ônibus que me acompanham desde a adolescência. Infelizmente, o 184 não passa por ali. Mas ele merece um parágrafo.

Nossa história começa na primeira semana de Escola Técnica. Lá estava eu, com meu uniforme de gola azul, esperando pelo 124. Para mim, só existia o 124. Veio o 184 e eu nem dei bola, mas ele parou na minha frente e, mesmo eu estando fora do ponto, a marionete que o "dirige" disse:
-Entra.
Ainda desconfiada, perguntei em alto e bom som:
-PASSA NA ESCOLA TÉCNICA?
-Sim.
Entrei. Uma multidão de golas azuis olhou para mim sabendo do meu mais íntimo segredo, na época: eu era caloura. Fiquei com raiva do 184 por me expor daquela forma, mas hoje, com maior maturidade, percebo que a culpa foi toda minha. Descobri, através dessa viagem, que poderia chegar na Escola em menos de meia hora!

Voltando à avenida Vitória, Gazeta-Ufes. Nada me dá mais alegria do que ver o bem e velho 124 chegando, sorrindo para mim. Ele não me deixa na passarela, mas era o cara que me pegava na frente de casa e me deixava na frente da Escola Técnica. Sabe? Ele se importava comigo. Não deixava eu pegar muita chuva, não me fazia correr perigo. Que as outras linhas não se sintam menosprezadas, cada uma tem sua função, mas é no 124 que me sinto em casa!

sexta-feira, setembro 22, 2006

Pérolas IV

Cheguei a conclusão que calouros de Letras são emos. Eles gostam de discutir a relação (principalmente se essa for morfossintática), ouvem Toquinho, Vinícius e Elis Regina nas festinhas da turma e adoooooram sofrer. Entrei um pouco mais nesse mundo - com todo o controle de uma observadora de fora - dia desses.

Estava eu tentando não dormir nalguma aula, quando olhei para o lado e vi que meu coleguinha lia um livro. Já estiquei o olhar de menesgueio para ver o autor. Era outro coleguinha da turma. Pedi a ele para ler o livro. Era de poemas. Os poemas falavam de lágrimas, sofrimento, e da musa (???). Nesse meu novo momento de alegria e estupefação com a vida, já digo que foi um exercício sinistro não rir na cara do sujeito. Em uma das poesias, o cara rimava "lírica" com "Itaparica"!!!

Atrás, na contra-capa, ele fazia um joguete de palavras que incluía os nomes de todos os poemas do livro. Felomenal!

Infelizmente, não tenho a cópia do livro, mas copiei um pedacinho para deliciar-vos nesse boteco:

"Mesmo que pareça tosco
Quero esquichar em seu rosto
O produto do nosso amor."

Meu deus, meu deus! Que horrooooooorrrrrr!!!!

Da próxima vez que tiver a oportunidade, lerei Cabo Elson com mais atenção.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Melancolia pós-cópula

Cerveja na mão, controle remoto em troca frenética de canais. Pés sobre a mesa, pernas para o alto, gole gelado descendo pela garganta, sessenta e cinco, sessenta e quatro, nada interessante na tela.

- Sessenta e nove? Ah, hoje não tô a fim. Não, não, pra essas coisas a gente têm que estar mais motivado, preparado mesmo. Meu bem, me escuta, vai que no calor do ato eu perco o fôlego, fico sem ar e te dou uma dentada? Pensastes nisso? Vai que eu gemo e, sem querer, acabo te mordendo? Ruim, né? Isso, vamos deixar pra outro dia...

O que acontecerá quando o homem sensual encontrar a mulher sensual?

Auto-sugestão vinda do tarô - ou não, fato é que Vladimir, com toda essa influência astrológica, andou mesmo emanando um irradiante magnetismo sexual de aura vibrante... Era ele o próprio homem sensual, virado para a satisfação do seu desejo de bem estar imediato e de divertimento. Escravo de suas paixões, Vladimir degrada-se vilmente ao buscar do prazer.

E como acontece com muitos homens sensuais, Vladmir é amado por suas amantes em busca da plenitude. Mas Vladimir é um bom homem e muito sentimental. Seu grande coração apaixona-se por todas as suas amantes, e, por isso, ele chora muito quando se despede de cada uma delas.

terça-feira, setembro 19, 2006

Pérolas III


E o silêncio se fez, o que houve com vocês?
(Isso é poesia? Anh? Anh?)
Para os que pedem, as pérolas seguem.

Perde quem nunca fez aula de latim nessa vida. E quem nunca teve um professor como Mário Bonella. E, definitivamente, mais ainda quem não conhece o "Mário das Letras"!!!
Enfim, Latim. O cara entrou na sala dizendo que ia passar uma lição para o resto de nossas vidas:
"Puellam amat nauta.
Nauta amat puellam.
Puella amat nautam.
Nautam amat puellam.
'Tendeu? 'Tendeu?
...
Em latim são as declinações que falam que cara é o sujeito e que cara é o objeto direto. Nominativo e acusativo.
'Tendeu? 'Tendeu?
...
Essa é outra lição que vocês vão levar para o resto da vida de vocês.
...
PARA O RESTO DA VIDA.
..."

E foi a Roberta que, rindo às gargalhadas no fundo da sala, chegou à conclusão de que Mário havia reencarnado ainda estando vivo.

***

A fessôra "Seres Fantásticos" acaba de dizer que a gente vai ter que fazer uma prova sobre um livro. Ela está na dúvida se vai mandar a gente fazer um resumo ou uma crítica. Digo a vocês: eu sei fazer resumos! Ela dedicou umas quinze aulas para explicar. Principalmente os "verbos que atribuem ações ao autor". Então, é só pegar frases de efeito e colocar um "inicia, aponta, incita, conclui, grunge, ratifica, postula, refuta, resfolega o fulano" para você ter um resumo de prima. Quer dizer, ratifica e refuta ela não deu. Porque ela confunde ratifica com retifica. E não sabe o que quer dizer refuta.

Aí eu perguntei se a gente ia aprender a fazer resenha - olha que legal! - e ela disse que tem vinte e dois textos na xerox explicando. Mas me adiantou que a resenha deve ter, no mínimo, cinqüenta linhas, e que é um "resumo com alguma crítica dentro." Bacaaaaana...

***

Mas não vamos deixar os calouros de lado. Tem um cara que vai de camisa vermelha que me dá medo. Ele veio me perguntar, com uma voz fininha, meio babando:
-Vocêee a-apresentou o último pro-o-grama?
-... Ééééé.... sim... é o meu trabalho...
(Eu que não ia explicar a diferença entre apresentação e reportagem).
Ele ficou em silêncio, olhando para o vazio. Depois disse:
-Eu não vi.

***

Ele vai lançar um livro. Anh? Anh? Pensou que ele é incapaz? Os gênios se escondem atrás de máscaras de ingenuidade, anh?
Daí ele veio me pedir divulgação. Pediu meu e-mail, eu passei, e a partir de então, em toda aula, ele vinha me dizer quando ia passar o e-mail. Acho que a coisa acumulou. Ontem, quando abri minha caixa, vi seis e-mail's dele. SEIS.
Pscicopata.