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Pérolas II

Quando eu chegava à aula, a mulher instruía os pobres calouros nos diferentes formatos de textos burocráticos. "Venho, através desta, solicitar a Vossa Eminência..." e outras coisas estapafúrdias e cafoníssimas que não são utilizadas desde o século XIII. Perguntei-me: "que diabos estou fazendo aqui?" da mesmíssima forma que já me perguntei tantas vezes durante o sexo oral (recebendo ou oferecendo, tanto faz).

Até que a distinta anta mostrou diferentes textos. A nossa tarefa era classificá-los entre resenha, crítica, contra-capa (?), orelha (???) e outras categorias vomitadas por sua mente inventiva. Em um desses textos, os calouros soltaram um forte "CRÍTICA!!!" enquanto eu falava baixinho "resenha..." A professora disse para mim: "ÉéÉ. Eu já vou chegar lá." Meio sem-graça por saber que, por mais estranho que isso pareça, eu era a certa no meio de trinta pessoas erradas, perguntei:
-Qual a diferença, fêssora?
-O meio de comunicação no qual ele é veiculado.

Depois de me recuperar do enfarto fulminante, voltei a assistir à aula. Numa transparência, um texto de uma coluna intitulada "Nossas sugestões" falava algo desse tipo:

"Real e Fantástico
Patati patatá... O autor se alimenta do contexto da guerra ... patati patatá... para criar seres fantásticos. Apesar disso, ele continua a desenvolver seu livro baseado na realidade, com muita precisão..." (só até qui interessa).

O texto era bem curto e, por isso, a fêssora disse:
-Esse texto não está muito curto para ser uma resenha?
Calouros: ESTÁÁÁÁÁÁ!!!
Eu: Também é muito curto para ser uma crítica.
Fêssora: É, é mais para um resumo. Mas a outra turma me convenceu de que pode ser tomado como uma crítica também.
Eu: Vamos lá. Convença-me. (Enfu!)
Fêssora: Veja bem. A pessoa que escreveu o texto empregou palavras que carregam uma conotação positiva. PORQUE AS CRÍTICAS TAMBÉM PODEM SER POSITIVAS! Lá em cima já está escrito "Nossas sugestões". Ora, porque eles sugeririam algo que não fosse bom?
Eu: Mas professora, o texto em si não traz nenhum juízo de valor, isso não é nunca uma crítica.
Fêssora: Ah, mas eu estou percebendo o contexto INTEIRO! Você deixou passar uma coisa que define esse texto como uma crítica! O cara que escreveu disse que o autor inventou seres FANTÁSTICOS! Isso não é juízo de valor?
Eu: ...
.

Fantástico.

fandárdigo

Felômenal

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